domingo, 11 de outubro de 2009

Segundo Capítulo

O dia foi bem carregado. Primeiro: o Peter ficou me pentelhando para eu ficar com o mané do Jake. Depois de dizer não dez vezes, resolvi somente o ignorar.

Depois foi Jullie, que ficou horas falando no meu ouvido, perguntando sobre como eu podia achar o Eduardo bonito e dando mil motivos pra achá-lo só um nerd nojento e sem educação.

E por um milagre, meu irmão foi o único que não me irritou. Ficou tagarelando com seu melhor amigo Filip da escola até a academia de judô, onde eu costumava deixar os dois depois da aula. Decidi então pegar meu ipod, me perguntando o porquê de não ter feito aquilo antes. Teria me poupado da conversa sobre explosivos e coisas inflamáveis dos pirralhos. Segui, então, o caminho até em casa.

Já estava ofegante quando avistei o pequeno conjunto de casas onde eu, Jullie e Peter morávamos. Ah, é. Jullie e Peter. Meus vizinhos... Droga.

Definitivamente, meu dia (ou o que sobrava dele) estava arruinado. Eles moravam na casa 74, que, por um acaso era ao lado da minha. Eu já podia ver, ou melhor, ouvir a voz dos dois em minha mente, insistindo para eu ficar com o mané bobão do Jake ou dando mais mil motivos para eu não achar o Eduardo bonito.

Entrei em casa e bati a porta com força.

- Cheguei! – gritei.

A casa cheirava a chocolate. Larguei minha bolsa no sofá e fui para a cozinha.

- Brigadeiro? – Perguntei para Victória, minha empregada. – O que deu em você? Isso é que é milagre! – Peguei uma colher e enfiei dentro da panela, pegando a maior quantidade que podia.

- Não pense que vai ser sempre, mocinha. Só hoje, ok? – Ela fez uma cara séria.

- Claro, claro. Só hoje. – Sorri. - Vic, se a Jullie ou o Peter tocarem a campainha, fala que eu não estou ok?

- Tanto faz. – Ela revirou os olhos – Eu acho que eles saíram mesmo.

Abri um sorriso. As minhas esperanças de um fim de tarde agradável começavam a voltar. Segui até meu quarto, agradecendo aos céus. Larguei minha mochila em cima da cama e liguei o computador. Precisava ler meus e-mails.

Para minha surpresa, só havia um não lido.

"Oi. Por favor, antes de você ignorar totalmente esse e-mail, leia até o fim, é importante pra mim.

Me desculpa se eu não sou o cara que você queria que eu fosse. Me desculpa se eu não te trato como você merece. Eu sei que você merece mais que isso. Eu não queria dizer aquilo, hoje no almoço. É sério, não mesmo. Você sabe que eu amo você, que você é a garota que eu quero. Eu não sei o que fazer pra te conseguir de volta. Eu te amo."

Fiquei paralisada. É claro que aquela mensagem não era para mim. Mas não foi isso que me paralisou. As palavras eram tão sinceras, tão lindas... Sorri para a tela do computador. Mesmo não o conhecendo, não podia arruinar as chances dele com a garota que ele amava.

"Caro newyorkkid,

Suas palavras foram maravilhosas. Mas sinto te dizer que você digitou o endereço de e-mail errado. Tudo bem, é assim mesmo quando se está cego de paixão. Sei que você ama essa garota de verdade, não quis desperdiçar sua chance de pedir desculpas. Tenho certeza que ela não irá resistir às suas palavras.

Adeus."

Apertei o botão "Enviar". Em menos de cinco minutos outro e-mail dele estava em minha caixa de entrada.

"Cara heartbreaker,

Agradeço por sua intenção. Acho que estou feliz de ter digitado o e-mail errado. Não sei realmente se queria dizer aquelas palavras. Não tenho certeza dos meus sentimentos, só escrevi o que me veio em mente, e não pensei duas vezes. Só depois de enviar que eu percebi o que eu acabara de fazer. De qualquer forma, obrigado pelos elogios. Vou salvar o e-mail. Se algum dia eu gostar de alguém de verdade, eu mando.

Tá, eu estou brincando. Obrigado outra vez.

Adeus."

Sorri de novo e apertei o botão "Nova Mensagem".

"Caro newyorkkid,..."

E assim nós passamos o resto da tarde. E a madrugada.

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